Papo Cultura: A incrível história do lápis que foi mais letal que a arma

Liberdade de Expressão - Por Jerm

Dois homens conseguiram parar o mundo - ou melhor, colocá-lo em estado de alerta - na última semana, numa proporção que não era vista desde os ataques às Torres Gêmeas em 2001. Os irmãos Kouashi (Chérif e Saïd) invadiram a sede do jornal francês Charlie Hebdo, em Paris, na última quarta-feira, e assassinaram 12 pessoas, entre eles cartunistas, jornalistas e policiais. O ataque desencadeou uma série de atentados por todo o país, que terminou com um total de 20 pessoas mortas, sendo 17 vítimas e 3 terroristas.

O jornal Charlie Hebdo publica semanalmente charges satíricas sobre diversos temas, como religião, política, cultura, etc. Devido ao seu material bastante "apimentado" e direcionado, o jornal já recebeu várias notas de repúdio e também ameaças, tanto é que há alguns anos atrás radicais islâmicos atearam fogo no antigo prédio deles, que por causa disso foram obrigados a se mudarem para uma sede restrita da qual pouquíssimas pessoas tinham o endereço. O que não impediu que um novo ataque acontecesse...

Depois de tudo o que aconteceu, eu não poderia trazer outro tema para o Papo Cultura desse mês. Afinal, até que ponto vai liberdade de expressão? Em que momento ela deixa de ser uma opinião defendida para se tornar um ataque a outras pessoas ou outros ideais? É isso que vamos discutir no post de hoje.

Os grandes líderes de hoje em dia se orgulham de dizer que vivemos em um mundo globalizado, onde colocamos os direitos humanos e as liberdades individuais acima de tudo. Mas a liberdade de expressão não é uma delas? A questão é que atualmente as pessoas estão sendo censuradas de modo nunca visto antes, quando deveríamos estar vivendo uma situação totalmente diferente.

Quanto à liberdade de imprensa, além do episódio na França, a sede de um jornal alemão foi queimada na madrugada de domingo por reproduzir charges do Charlie Hebdo. Além disso, só em Dezembro mais de 60 jornalistas foram presos por denunciarem um escândalo de corrupção na Turquia. E os dados não param por aí: estima-se que mais de 100 profissionais da imprensa são mortos por ano no exercício da sua profissão, seja por ordens de mafiosos, radicais ou tiranos.

Mas em contrapartida à imprensa está a internet, que faz com que tenhamos muito mais liberdade de expressão pela facilidade de nos escondermos no anonimato. Existem leis para danos morais que valem também para crimes cibernéticos, mas a falta de fiscalização no Brasil faz com as pessoas ultrapassem cada vez mais os limites das liberdades individuais. Aliás, graças ao grande avanço no número de boletins de ocorrência feitos por causa de crimes na internet, o Ministério da Justiça começou uma campanha no Facebook contra os discursos de ódio disfarçados de liberdade de expressão.

A questão principal é: enquanto países desenvolvidos lutam pela liberdade de impressa e expressão, em outros lugares do mundo pessoas são presas e mortas simplesmente por tentarem exercer seus direitos. Até quando essa polarização entre o ocidente e o oriente, o desenvolvido e o subdesenvolvido continuará?

Voltando ao atentado na França, no meu ponto de vista, por mais que você discorde das opiniões e dos ideais alheios, é direito da outra pessoa se expressar. Sendo as charges ofensivas (ou não), tirar a vida de outra pessoa é um crime capital, ou seja, nada se equivale a isso, ainda mais cometendo esse ato em nome de um deus que tenho certeza que jamais defenderia isso.

Ele desenhou (também pode significar atirou) primeiro - Por David Pope

Acredito que todos temos direito à liberdade, eu mesma, enquanto escrevo este post, estou exercendo meu direito, mas é preciso uma maior educação (principalmente no Brasil) para que se possa viver em harmonia. Para mim, liberdade de expressão é isso: o direito de falar tudo que o bom-senso permitir. Lembre-se: sempre expresse sua opinião com educação, ao vivo ou na internet, pois gentileza gera gentileza.   

E vocês, acham que os cartunistas estavam dentro dos limites da liberdade de expressão? Qual sua opinião sobre a repercussão dos ataques? Leiam também o post da Amanda, do Estante do Refúgio sobre esse tema!