Resenha: Objetos Cortantes - Gillian Flynn

Nome: Objetos Cortantes (2015)

Autor: Gillian Flynn

Editora: Intrínseca

Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida. Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Camille Preaker é mais uma personagem perturbada criada por Gillian Flynn. A personagem teve uma adolescência conturbada por ter sido obrigada a lidar com a morte precoce da sua irmã Marian, além dos problemas que tinha com sua mãe, e por isso desenvolveu uma tendência à automutilação. Após anos com a doença, e sem mais espaços intocados no seu corpo, a jovem jornalista vai em busca de ajuda médica.

O livro se passa cerca de 6 meses após Camille deixar a clínica de reabilitação. De volta à sua medíocre vida em Chicago, seu chefe a envia para cobrir o assassinato e desaparecimento de duas garotinhas em Wind Gap, sua cidade natal. Com essa viagem, fantasmas do passado reaparecem e Camille é obrigada a lidar com feridas nunca cicatrizadas. O principal ponto que vem à tona é a relação doentia que ela tem com a família, e a autora explorou muito bem o psicológico de Camille em relação a isso.

Gillian Flynn mais uma vez provou ser psicótica. De um jeito maravilhoso. Elogiada por Stephen King, o rei dos thrillers, a autora surge como uma nova promessa no mundo literário, escrevendo suspenses de modo que não era visto desde Agatha Christie, mas, é claro, com personagens muito mais ácidos e intensos - dando ênfase especialmente às mulheres. Em entrevista, a autora diz que sente falta especialmente de vilãs em histórias, porque nós, mulheres, nascemos para sermos mais do que apenas as "mocinhas". Controverso, hein?

Conheci Flynn por meio do filme Garota Exemplar (inclusive o livro está na minha lista de espera) e me surpreendi com a profundidade dos personagens. A autora consegue transformar histórias clichês em thrillers psicológicos, fazendo com que os personagens brinquem com a nossa mente e nos confundam até as últimas páginas. Para ser sincera, lá por volta da metade do livro eu achei que tivesse descoberto quem era o responsável pelos assassinatos, e minha teoria foi comprovada... Até o último capítulo, quando tive o prazer de ler uma das maiores reviravoltas da literatura contemporânea.

Meus personagens preferidos foram Frank Curry, o chefe de Camille, e Aileen, sua esposa, que mesmo tendo aparecido pouquíssimas vezes ao longo da história, conseguiram me passar a sensação de proteção - talvez por serem os únicos personagens equilibrados no universo louco de Gillian Flynn. Em contrapartida, não consegui sentir compaixão em nenhum momento por Amma, a meia-irmã de 13 anos da personagem principal. Mesmo no início da adolescência, a garota já conseguia se mostrar uma perfeita megera (cof, cof, vaquinha). Não bastava que ela fosse apenas arrogante como algumas garotas populares, ela era realmente má com todos que viviam à sua volta. 

Cinco estrelas para o livro que me conquistou desde o começo e me prendeu em suas páginas durante toda a madrugada. Não sei qual a mágica de Flynn, mas depois que você começa a ler, é impossível parar até que você entenda como realmente funcionam os cérebros dos personagens - e até conseguir, você passa por um frenesi muito intenso. Sou meio suspeita para falar porque esse é o meu gênero literário preferido, mas não vejo a hora de explorar outras histórias da autora!

Classificação:

Acho que a resenha ficou um pouco grande demais, mas era necessário descrever toda a minha experiência nos mínimos detalhes... Espero que tenham gostado!